Diagnóstico de Autismo Depois de Adulto

O conteúdo a seguir é uma postagem de sindromedeasperger.blog, organizado, redigido e/ou traduzido por Audrey Bueno, com as devidas citações para textos pertencentes a outros autores.

Para divulgação, por gentileza cite a fonte copiando o parágrafo acima.

 

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Considerações, relatos e testes

 

Considerações

Por Audrey Bueno

Pouco se ouve falar sobre o autismo em adultos. O foco atual sobre o transtorno tem sido sempre em relação às crianças, afinal, há mais “olhares examinadores” voltados para elas, especialmente por estarem em fase de desenvolvimento que costuma ser acompanhada pelos adultos: a escola, o pediatra, os pais, os familiares. Porém, o autismo é uma condição que perdura por toda vida, de modo que as crianças autistas de hoje serão os adultos autistas de amanhã, assim como as crianças autistas do passado, que não receberam diagnóstico numa época em que pouco se conhecia a respeito, são os adultos autistas de hoje, que enfrentam uma gama de desafios para os quais nunca receberam apoio e que somam considerável angústia no dia a dia pelas dificuldades que enfrentam.

Quando adentram a vida adulta, muitas dessas crianças, principalmente as que estejam no lado leve do espectro do autismo, terão aprendido recursos e estratégias de sobrevivência para compensar seus déficits e terão maior consciência do que é ou não socialmente aceitável, reproduzindo com certa eficiência os comportamentos sociais neurotípicos (de pessoas sem autismo), afinal, costumam ser bastante inteligentes e aprendem bem a arte da imitação, de modo que muitos de seus sintomas acabem sendo mascarados. Infelizmente, esse mascaramento tem um alto preço, não só por não ajudar, de fato, na resolução dos problemas vividos, como também por levar a julgamentos e rótulos injustos.

Um fator determinante quando um adulto busca diagnóstico é que seu histórico de infância seja analisado, pois muitas vezes a resposta ou confirmação pode estar ali. Por exemplo, se um adulto apresenta um quadro de stress elevado, é possível que desenvolva alterações comportamentais por conta disso, como tornar-se mais recluso socialmente, ou passar a ter menor tolerância a barulhos, que são sintomas possíveis em quadros agudos de ansiedade, mas que podem facilmente ser confundidos com autismo, em especial o de alto funcionamento. É aí que dados sobre a infância podem contribuir para o diagnóstico diferencial. Se essa pessoa na infância também era isolada socialmente, especialmente desde muito nova (pré-escola), já apresentava sensibilidade a sons, cheiros, iluminação, toque ou paladar e tinha quadros de ansiedade consideráveis, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos, a confirmação do quadro autístico é altamente provável. Porém, se a pessoa não apresentava tais sintomas na infância, era rodeada de amigos, sem maiores dificuldades de ordem geral, a possibilidade maior é que não se trate de autismo.

Em especial, dois fatores que falam muito em favor da confirmação de um diagnóstico de autismo são os comportamentos repetitivos e/ou obsessivos, a dificuldade em compreender ou se adequar às dinâmicas sociais e as sensibilidades sensoriais. Estes pontos precisam ser cuidadosamente investigados pelo profissional de saúde mental para uma adequada compreensão do funcionamento do indivíduo.

Sabe-se que o diagnóstico de autismo obedece a 3 critérios centrais, ou seja, é necessária a presença de déficits em três áreas principais, que são: 1) socialização; 2) comunicação; 3) comportamento, para que a pessoa seja considerada pertencente ao espectro do autismo.

Para exemplificarmos a importância da análise criteriosa de cada um dos três itens acima descritos, análise esta que deve ser feita por um profissional de saúde mental qualificado (geralmente um psiquiatra ou um neurologista), foquemos no item 3: “comportamento”. Dentre outras nuances desse aspecto, a que mais se destaca no autismo é a existência de comportamento repetitivo. A repetição costuma estar presente na fala, nas ações ou na insistência em manter a atenção em assuntos específicos por um período de tempo considerado excessivo. Para avaliar adequadamente esse fator, não basta identificar a existência de repetição ou compulsão. É preciso analisar a natureza dessas repetições, a forma com que se apresentam. Se a pessoa obtém prazer através das  repetições, que costumam estar relacionadas a assuntos de interesse, podemos suspeitar que o comportamento repetitivo observado esteja condizente com o perfil autista.

Se, no entanto, o comportamento de repetição do indivíduo tem como foco a resolução ou o alívio de angústias causadas por excesso de  preocupação com assuntos desagradáveis e catastróficos, como lavar as mãos o tempo todo para evitar contaminação ou telefonar para alguém de hora em hora para se certificar de que nada ruim tenha acontecido, de maneira que relute em engajar em tais comportamentos, mas acabe ansiosamente impelido a eles, então, esse indivíduo muito possivelmente apresenta o quadro obsessivo-compulsivo tipicamente encontrado no TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), podendo ser esse o diagnóstico em vez de autismo. No TOC, a pessoa tenta evitar o comportamento obsessivo, enquanto no autismo a pessoa o busca.

Há, ainda, a possibilidade da pessoa com autismo apresentar os dois padrões de comportamento repetitivo simultaneamente, o que poderia sugerir a presença de TOC como comorbidade.

Outro dos três principais fatores de avaliação no critério diagnóstico do autismo é a comunicação. É preciso diferenciar comunicação de linguagem, o que geralmente não é levado em conta por quem não é profissional. Assim, também, o fator socialização precisa ser cuidadosamente analisado, para que se identifique a natureza da dificuldade em interagir socialmente, afinal, há diversos motivos pelos quais uma pessoa não interage adequadamente e diversos tipos de déficits de interação social.

A própria apresentação do quadro de autismo difere entre homens e mulheres.

Assim, é importante ressaltar a importância de avaliação médica adequada, pois há muitas variáveis numa análise desse tipo que podem fugir à atenção e conhecimento de quem não pertence à área de saúde mental.

Enfim, existem muitas combinações e situações possíveis para o comportamento humano, de forma que apenas uma avaliação cuidadosa feita por um profissional realmente bem informado e especializado em autismo – para, assim, conhecer bem os diagnósticos diferenciais que separam um transtorno do outro – possa gerar um diagnóstico realmente confiável.


Relatos

 

Resultado de imagem para perdido na vida

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Abaixo, segue a tradução de um artigo publicado no jornal britânico The Guardian, onde Susan Dunne, colunista da seção sobre autismo, fala um pouco de como foi para ela obter seu diagnóstico aos 40 anos de idade, após toda uma vida de incertezas e dificuldades.


Tradução: Audrey Bueno

Autismo depois de adulto: ‘Nos tantos dias que passo em solidão, me esqueço de como conversar’

Por Susan Dunne

16 de setembro de 2015 – Coluna Autism Daily Newcast, The Guardian – Jornal Britânico

Fui diagnosticada com autismo por volta dos meus 40 anos. Como muitos adultos que escaparam da rede diagnóstica por serem autistas de alto funcionamento, nascidos prematuramente, ou simplesmente mulheres, eu passei uma vida inteira tentando compreender as dificuldades sociais e sensoriais do autismo que sempre me acompanharam. Que nenhum de nós acorde curado aos 18 anos parece confundir alguns profissionais. Que nós ainda nos beneficiemos de algum suporte, por mais tardio que seja o diagnóstico, parece confundi-los também.

Muitos de nós reuniram alguns outros rótulos ao longo do caminho: estranho, nerd e esquisito da fraternidade do bullying; transtorno de personalidade, depressivo e chato importuno da fraternidade de saúde mental. A psiquiatria já teve uma abordagem diferente: no autismo eu tinha uma diferença neurológica de aprendizado que não me tornava louca, má ou perigosa – sempre bom ouvir isso – e eu não tinha prejuízo intelectual. Me diziam que eu era “uma autista de muito alto funcionamento” para que pudesse me beneficiar de qualquer serviço de apoio (não que houvesse opções nas redondezas) e que eu já deveria ter resolvido as coisas a essa altura da vida. Fui dispensada de centros públicos de saúde com uma carta me desejando boa sorte e um endereço na Internet para a National Autistic Society (NAS) [Sociedade Autista Nacional, na Inglaterra].

Em outras palavras, foi um caso de “dê um jeito, se vire”. Nada novo aqui: não estou sozinha ao receber um diagnóstico tardio onde auxílio pós-diagnóstico não é mais que um endereço de site na Internet. O guia estatutário do Autism Act 2009 [um órgão com legislações de proteção] recomenda que a área da saúde e serviço social devessem trabalhar juntas para garantir àqueles diagnosticados o devido amparo. A NAS descreve o progresso de sua implementação como “fragmentado e sujeito à variação nacional”. Na realidade, isso geralmente significa que o serviço de apoio é inapropriado, inadequado ou, como no meu caso, inexistente.

A suposição de que já deveríamos ter dado um jeito nas coisas a essa altura da vida já que estamos andando, falando e ainda temos pulso pode esconder uma realidade sombria de dificuldades, isolamento e vidas pela metade. Com o tempo, aprendi do modo mais difícil como me apresentar melhor em público, mas atrás de portas fechadas o assunto é bem diferente. Eu moro numa casa onde as luzes, a geladeira, o fogão e a máquina de lavar foram, um a um, parando de funcionar. Não sei como consertar, mas prefiro viver na escuridão a ter alguém que eu não conheça no meu espaço pessoal. Posso ser graduada e ter um alto QI, mas tenho muitos problemas financeiros devidos a uma vida de sobrevivência contando com uma única e singela fonte de renda. Não tenho família ou amigos próximos para qualquer tipo de auxílio e nos tantos dias em que passo sozinha posso quase me esquecer como é conversar. Às vezes, alguém que ao menos fizesse o papel do contato com a realidade checando se eu comi hoje já seria útil.

Auxílio pode ser útil por outros motivos também. Um diagnóstico tardio pode eventualmente gerar um processo emocional de encerramento e reconciliação, mas não sem antes passarmos por um período de angústia e ranger de dentes para algo que nada prepara você. Por cerca de um ano após o diagnóstico chorei e me debati, principalmente pelo sentimento de arrependimento pelo que senti como sendo um fracasso de vida. Ali estava eu, após todos aqueles anos, descobrindo o porquê mas, ainda assim, sem ninguém para me apontar o caminho, para me dar boas vindas ao clube ou para me dizer onde pendurar o casaco. Essa coisa de autismo era uma droga.

Deixada ao léu, me voltei para a Internet, onde descobri que havia outros como eu tentando dar sentido a tudo isso também – uma tribo online para os sem-tribo, uma diáspora de alienígenas num universo neurotípico. Para algumas pessoas, a comunicação online é uma opção de vida. Para outras, como eu, era a única opção disponível e, sendo eu alguém que não nasceu na era digital, essa não era necessariamente minha opção preferida.

Mas a Internet era tudo o que eu tinha e me serviu muito bem. Devagar, aquilo que sempre tinha sido desconcertante e frustrante começou a fazer algum sentido. Hoje em dia eu entendo meus comportamentos atípicos, entendo que nem todo mundo prefere a verdade em vez do tato e entendo por que meus melhores amigos sempre tiveram quatro patas. Ao longo do tempo, passei a aceitar o autismo pelo que ele é: uma diferença neurológica vitalícia que vem com dons e limitações. No longo prazo, o diagnóstico me permitiu mais auto perdão e auto entendimento e eu me sinto muito mais feliz por isso.

Mas alguma ajuda até que eu finalmente atingisse esse lugar teria sido útil. Teria sido importante que me tivessem perguntado: “Você precisa de alguma coisa?”

 

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Susan Dunne

Susan Dunne é autora do livro A Pony in the Bedroom (Um Pônei no Quarto), um conto de memórias de uma vida com autismo não diagnosticado e de sua paixão por cavalos. Ela é estudante de pós-graduação em Asperger e autismo na Sheffield Hallam University e colunista regular para o Autism Daily Newscast, do The Guardian, conceituado jornal britânico. 

 

 


Testes para detectar autismo?

 

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Fonte da Imagem – Arquivo pessoal

Por Audrey Bueno

Nunca é demais lembrar que um diagnóstico oficial de autismo só poderá ser fornecido por um profissional qualificado, geralmente um psiquiatra ou um neurologista. Até o momento, não existem testes ou exames laboratoriais que comprovem o autismo, de modo que a investigação diagnóstica seja “clínica”, ou seja, feita a partir da análise dos sintomas, comportamentos e relato trazidos pelo paciente (e/ou familiares, no caso de pacientes menores de idade ou com alguma dificuldade para participar ativamente do processo). Embora não existam testes ou exames que comprovem o autismo, há questionários com pontuações chamados de “escalas de avaliação do autismo”, que costumam ser utilizadas por alguns profissionais como apoio do processo investigativo. Essas escalas costumam ser mais utilizadas em crianças ou adolescentes, mas podem, eventualmente, auxiliar o diagnóstico de adultos se este (ou a família) tiverem uma boa memória dos fatos decorridos na infância. Algumas perguntas se referem à primeira infância e geralmente o adulto não terá condições de responder a todas elas por ser muito jovem para se lembram do que ocorria, de modo que apenas as informações concedidas pelos cuidadores possam suprir certas lacunas investigativas.

Com base nessas escalas, foram criados recursos online que oferecem ao menos uma ‘estimativa’ do quanto existe a probabilidade da pessoa estar ou não inserida no espectro do autismo. São questionários que geram resultados mais concretos, como gráficos e pontuações. Esse é o caso do teste “Aspie Quiz“, que é uma versão em português do teste original em inglês, e uma das melhores opções disponíveis atualmente de testes desse tipo na nossa língua.

No entanto, vale ressaltar que o teste não é oficial, não substitui o diagnóstico médico e está longe de ser perfeito, com confiabilidade em torno de 70-85%. Embora o teste não investigue certos pontos importantes ou de comprovada validade científica, e apresente algumas (poucas) perguntas mal formuladas, as questões abordam, sim, muitos pontos que podem, de fato, apontar para um possível quadro de autismo. Por ser uma ferramenta gratuita e de fácil acesso, não custa tentar, quer seja como fonte de autoconhecimento, quer seja para que se obtenha ao menos um indicativo da probabilidade da pessoa estar no espectro do autismo, mas é preciso ter claro que resultados muito próximos da ‘nota de corte’ podem estar errados, pois a margem de erro costuma estar na faixa dos 15%, o que é bastante coisa. O teste inclui dois termos em seu resultado final: neurodiverso (= com autismo, no caso desse teste) e neurotípico (= sem autismo). Ao final das perguntas (que levam cerca de 40 a 60 minutos para serem respondidas), o próprio sistema efetua o cálculo e emite o resultado tanto por escrito, como através de um gráfico.

Independentemente dos resultados obtidos no teste, se a pessoa apresenta sofrimento psíquico, ansiedade, sinais de depressão ou outras alterações de comportamento ou pensamento que interfiram no seu dia a dia, é sempre recomendada a consulta psiquiátrica para que se obtenha a ajuda necessária.

Abaixo, estão exemplos de resultados obtidos por quatro pessoas reais que fizeram o teste, cujos nomes não serão mencionados por razões éticas, comparadas às situações diagnósticas oficiais que obtiveram após avaliação profissional:

Pessoa A – Oficialmente diagnosticada com síndrome de Asperger (‘muito leve’, porém já inserida no espectro do autismo):

Seu índice neurodiverso (Asperger): 113 de 200
Seu índice neurotípico (não autista): 120 de 200
Você parece ter ambas as características, neurotípicas e neurodiversas.

Pessoa B – Oficialmente diagnosticada com síndrome de Asperger:

Seu índice neurodiverso (Asperger): 160 de 200
Seu índice neurotípico (não autista): 65 de 200
Você muito provavelmente é neurodiverso.

Pessoa C – Neurotípica, não está no espectro do autismo (esta pessoa foi ao psiquiatra devido a um quadro de ansiedade):

Seu índice neurodiverso (Asperger): 66 de 200
Seu índice neurotípico (não autista): 134 de 200
Você é muito provavelmente neurotípico.

Pessoa D – Oficialmente diagnosticada com síndrome de Asperger (a análise profissional criteriosa identificou a presença de autismo leve; casos leves são os mais prováveis de “falsos negativos/positivos” no teste online):

Seu índice neurodiverso (Asperger): 87 de 200
Seu índice neurotípico (não autista): 110 de 200
Você é provavelmente neurotípico.

Observe que apenas o caso da “Pessoa D” foi, de fato, diferente do resultado apontado pelo teste, que sugeriu a hipótese da pessoa ser neurotípica quando, na verdade, não era. Porém, a margem de pontuação (87) estava próxima da divisa de corte, representada pelo número 100, ou seja, se a pessoa tem pontuação 100 (de 200), isso sugere que ela esteja exatamente na divisa, com 50% de possibilidade para cada lado da moeda (autismo X neurotípico). Quanto mais o resultado do índice neurodiverso ultrapassar o número 100, como nos casos das pessoas A e B, maiores as chances de autismo. O mesmo se aplica diametralmente para o índice neurotípico, ou seja, quanto mais este ultrapassar 100, menores as chances de autismo, com atenção para o fato de que o índice que mais deve ser levado em conta seja o neurodiverso, pois, eventualmente, a pessoa obtém pontuação mais elevada no índice neurotípico por responder conforme julgaria o correto ou por valer-se das estratégias adaptativas que desenvolveu ao longo da vida.

Casos em que a pontuação seja muito distante da condição real do respondente podem dever-se não unicamente a falhas no teste, mas também a outros fatores, tais como: pressa ao responder, entendimento equivocado da pergunta ou baixo nível de autoconhecimento e percepção individual do respondente, que acaba por assinalar opções diferentes da situação real vivida por ele.

Ou seja, de forma geral, o teste apresenta alguma validação e pode ser útil fazê-lo. Sugiro que ‘perguntas confusas ou mal formuladas (especialmente a de número 63)’  sejam respondidas com a opção “?” (= ‘não sei’) apenas a título de manter a questão neutra em termos de pontuação.

 


Para ler mais a respeito:

Artigo: AUTISMO ADULTO, O GRUPO INVISÍVEL – Por Fatima de Kwant

 

 

 

60 comentários sobre “Diagnóstico de Autismo Depois de Adulto

  1. É uma lástima uma pessoa não ter sido devidamente e a tempo diagnosticada; não tendo desde cedo um enfrentamento consciente com a doença, pois lhe faltou aprender isso. Sem a aceitação própria e a do meio social é muito difícil tratar e lidar com um problema como o autismo. Bom texto.

  2. Pingback: Diagnóstico de autismo depois de adulto – Acordo Coletivo (Petroleiros, Bancários, Prof de Saúde)

  3. Meu teste deu: Asperger: 119 de 200 – neurotipico: 93 de 200, baixei o PDF com o texto, mas a letra tá meio ruim, com símbolos no lugar de acentos, diz ter uma pontuação alta de 8 de 10 e questiona eu não ter respondido algumas questões.. Acho..

    • Seu resultado sugere boa probabilidade da presença de autismo. Uma avaliação com um psiquiatra é, portanto, bastante recomendada. Quanto ao texto de difícil visualização, sugiro procurar pelo Google: “Aspie Quiz”. Talvez você se interesse em ler esta outra publicação aqui no blog, que também funciona como um ‘teste’, de certo modo: “Lista de Traços em Mulheres com a Síndrome de Asperger”. Digite “mulheres” na ferramenta “PESQUISAR” do blog para encontrar o texto mais rápido. Abraço.

      • Olá, bom dia..
        Puderá eu ter lido esse artigo antes, muito proveitoso.
        Fiz o teste, o qual deu os seguintes resultados:
        Índice neurodiverso – 119
        Índice neurotipico – 86
        Minha pontuaão foi 6,9 de dez.
        O que tudo isso quer dizer…

      • Fico feliz que o artigo tenha sido útil para você. Respondendo à sua pergunta sobre o que isso quer dizer, seu sentimento de proveito ao ler o texto somado seus resultados no teste sugerem que você tenha traços inegáveis de neurodiversidade (119), que predominam sobre suas características neurotípicas (86), o que valida a busca por um diagnóstico formal. Psiquiatras são os profissionais de preferência para esse tipo de diagnóstico, porém recomendo que busque um por indicação, que já esteja familiarizado com a síndrome de Asperger ou o autismo de alto funcionamento em adultos, pois ainda há psiquiatras que desconhecem o quadro e só são capazes de identificar casos mais severos e, portanto, mais óbvios de autismo.

      • Por que as pessoas com asperger, nao sei se todas não gostam de mudanças. Eu sofro ate com as estações do ano. A que mais gosto e do inverno. A luz me dá um certo medo, sinto até dor de cabeça.

      • As duas possibilidades mais prováveis para a aversão a mudanças em pessoas no espectro do autismo são o estilo de pensamento rígido e as sensibilidades sensoriais. O pensamento rígido é mais concreto e menos flexível, então abstrações e adaptações (flexibilizações de expectativas e remanejamento das próprias ações) são processos difíceis, causando desconforto e ansiedade por não poder antever (ter dados concretos) o que vai acontecer. As sensibilidades sensoriais também podem elevar a ansiedade frente a novos acontecimentos porque não se sabe quais estímulos sensoriais serão postos à prova em determinada situação. Por exemplo, numa festa, não se sabe o volume em que a música vai estar, se a iluminação vai ser incômoda, se o barulho do ambiente vai ser excessivo, se as cadeiras serão desconfortáveis, etc. Espero ter ajudado a esclarecer sua dúvida.

  4. Boa noite! Correia de fazer o teste para saber se eu sou asperger. Tenho muita desconfiança de que eu seja. Tenho 49 anos e sou do sexo feminino. Nao conseguir acessar o teste.
    Obrigada
    Ana Maria

  5. Acho que tenho síndrome de asperger. Venho lendo sobre o assunto há bastante tempo, e 90% das características comuns meio que se aplicam a mim. Eu sempre pensei que era apenas timidez, algo natural que todos tem, inclusive. Mas eu levo meio que outros complexos (ou seria paranoias?) a sério demais. Minha mãe contava que aos meus três anos de idade, eu não conseguia avisá-la de que precisava ir ao banheiro, por exemplo. Simplesmente saía me escondendo de todos, não conseguia falar o que eu queria, ao que parece a timidez era enorme. Agora note: eu nunca tive problemas nenhum com fala ou leitura, algo meio que imprescindível para a constatação do autismo. Pelo contrário, sempre foi recorrente me verem como uma pessoa com inteligência acima da média, com um linguajar sempre acima das pessoas da minha mesma idade. Não por isso, sempre me senti meio “deslocado”, sempre adorei conversar com pessoas mais velhas, porque elas me parecem mais interessantes que as demais. Nas áreas de meu interesse, sou o melhor. Eu sempre achei que tive problemas com matemática, física e matérias relacionadas à calculo. Às vezes eu ia para a recuperação na escola por isso. Acontece é que eu não conseguia pegar no livro, a falta de interesse nessa área era muito grande. Eu por exemplo, só estudava história, geografia, biologia, português porque eram matérias que eu amava estudar. E era praticamente o melhor da turma nas cadeiras que me interessava, era muito fácil para mim e eu não conseguia entender qual a dificuldade das demais pessoas em entender os assuntos. Isso eu só vim perceber depois de terminar a escola, eu não conseguia explicar a falta de motivação para estudar matemática, por exemplo. Eu só pegava no livro às vésperas das provas. Ás vezes ia para a recuperação, mas conseguia ser aprovado com facilidade quando resolvia estudar. Lembro-me agora, na época do ensino médio, de um professor de física uma vez me chamar de preguiçoso ou desinteressado, ao ponto de conversar com o meu pai sobre isso.
    Sobre amizades: consigo ter amigos “normalmente”, embora seja difícilimo me aproximar de alguém. Praticamente, não consigo fazer. Acho que todos meus amigos meio que se aproximaram de mim primeiro. Para eu falar espontaneamente com alguém, preciso meio que pertencer ao seu círculo por meses primeiro, por exemplo, na academia. Sim, eu consigo frequentar espaços como qualquer pessoa, mas é muito difícil entrar em algum grupo. Na faculdade, por exemplo, eu só consigo conversar com quem já me conhece e que já me cumprimenta. Está fora de questão conversar com alguém diverso dos conhecidos. Parece que tenho medo de ser julgado ou de me ofenderem por dar um bom dia, por exemplo. Posso frequentar por meses a fio a mesma turma sem falar nada com ninguém. E até prefiro assim. Sempre vou para o fim da sala porque não aguento a ideia de ser observado. Levantar no meio da aula para sair da sala é algo que me dá calafrios. Mesma coisa em relação a namoradas. Jamais tive a coragem de me aproximar de alguma menina que me interessasse. Todos os namoros que tive foram porque elas se aproximaram primeiro, me entregavam sinais, pediam para ficar/namorar, e caso eu gostasse da aparência delas, eu até conseguia ficar e manter namoros normalmente. Lembro-me de um caso na faculdade bizarro: a jovem era amiga de um colega meu. Ocorre que sempre que eu estava perto dela, me sentia meio que desprezado, como se ela não fosse “muito com a minha cara”. Então eu sempre a evitava por isso. Meses depois, venho descobrir que essa mesma jovem era doida para ficar comigo, porque me achava interessante e bonito. Fiquei super surpreso por isso. Minha paranoia não fazia o menor sentido! De certo modo, é como se eu não entendesse bem as reações das pessoas em relação à mim.
    Dizem que pessoas com quadro de asperger têm dificuldades de empatia. Ocorre que eu sou extremamente apático e muito frio, não tenho ideia de como consolar alguém ou dar palavras de conforto. Simplesmente não sei ser carinhoso, é preciso muito esforço para dizer uma palavra de carinho que seja pessoalmente. Agora, consigo escrever tranquilamente sobre sentimentos. Mas falar, fora de questão.
    Também odeio que invadam meu espaço ou que peguem algo que seja meu. A raiva cresce mesmo que na hora, ao ponto de eu reclamar com quem quer que seja. Me incomoda demais. Fico meio que vermelho de raiva. Também não gosto de ficar muito perto das pessoas por muito tempo. Eu adoro tranquilidade e poder dormir num quarto sozinho, porque o contato frequente de outras pessoas me causa um mal-estar imenso. Não consigo ser realmente próximo de alguém. Eu considero uma única pessoa minha melhor amiga, e mesmo assim não consigo falar-lhe tudo. É praticamente impossível eu conseguir me abrir com alguém sobre algo que me afete ou pedir ajuda.
    Também sou muito rude e sincero demais. Às vezes não consigo saber quando feri os sentimentos de alguém, então meio que as pessoas me veem como insensível. Mas minha auto-estima é muito frágil. Acho bizarro quando alguém elogia minha beleza por exemplo. Sempre penso que estão a me provocar ou a zoar comigo. Tenho a sensação de estar sendo observado todo o tempo. Manter contato visual? nem pensar praticamente. Me incomoda demais. Outra coisa que odeio é tocar em mim sem que eu espere pelo contato. Prefiro ficar sozinho.
    Também li uma outra característica do asperger: falta de coordenação motora. Parece bizarro, mas parece às vezes que não sei a forma correta de andar. Morro de medo de passar por uma rua movimentada, então eu tendo a andar mais rápido para que esse sacríficio termine. Tenho a impressão de que todos estão me julgando e me observando, doidos para me criticar ao primeiro passo errado. Então, tenho que me concentrar em andar certo. Consigo praticar esportes, mas por exemplo, tenho grande dificuldade de jogar bem futebol, como se realmente me faltasse coordenação no corpo, então eu erro muito e é super difícil driblar, por exemplo.
    Falam que pessoas com asperger também gostam de ser colecionadores. Eu adoro ter livros, sou ficcionado por eles. Compro de todos os tipos, sempre que possível, e nunca jogo nada fora tampouco empresto algo, gosto da ideia de colecionar várias coisas. Minha mãe dizia que eu jamais quebrava algum brinquedo, e que eu organizava bem todos e que tinha o maior cuidado com eles, ao ponto de meus irmãos, com quase vinte anos de diferença, poderem brincar com os mesmos brinquedos. Odeio a ideia de jogar algo fora, mantenho certos pertences inúteis por anos a fio. Também adoro rotina e gosto de fazer a mesma coisa. Meio que só consigo estudar em certos horários, tomo banho e cumpro as refeições sempre no mesmo horário. Tenho alguns maneirismos, como mexer no punho sem motivo aparente, coçar a cabeça quando estou nervoso, mexer muito os pés, fechar muito o corpo. Sempre me sinto desconfortável, ainda mais em público.
    Então, basicamente é isso.
    Também fiz o “Aspie quiz” e o resultado foi “Você é muito provavelmente neurodiverso (Asperger) (147 de 200)” http://www.rdos.net/br/

    • Olá, João. Ao que tudo indica, você é mesmo portador da síndrome de Asperger. Uma avaliação profissional seria bastante recomendada. Você mencionou que problemas com a fala e a leitura são imprescindíveis para a constatação de autismo, mas não são, especialmente no lado leve do espectro, como é o caso de Asperger. Pessoas com Asperger não costumam ter problemas com a aquisição da fala, que, inclusive, ocorre precocemente em boa parte das vezes. O mesmo com a leitura, nem todos têm dificuldade com isso e, pelo contrário, há muitos Aspies que têm um domínio linguístico-literário-poder de escrita fortíssimo. A maioria massiva dos Aspies tem inteligência acima da média, e vários dos problemas comuns a superdotados também são vividos pelos Aspies. Pesquise no Google sobre “dificuldades dos superdotados”, pois você provavelmente pode ser um, uma vez que é absolutamente comum que Aspies sejam, na verdade, portadores de Dupla Excepcionalidade: Asperger e Superdotação. Tenho um post no blog falando sobre Dupla Excepcionalidade. Segue o link: https://sindromedeasperger.blog/2017/07/14/dupla-excepcionalidade-sindrome-de-asperger-e-superdotacao/
      No seu relato, você mencionou coisas muito características de alguém com Asperger: foco em certos assuntos e total desprezo e enorme dificuldade com aqueles assuntos que, mesmo necessários, não pertencem ao foco de interesse, ou seja, há uma resistência tremenda em aceitar o que foge do leque restrito de interesses, ao ponto de se prejudicar por não conseguir fazer (como foi o caso da recuperação em matemática); a habilidade linguística costuma ser muito desenvolvida em pessoas com Asperger (bem como em superdotados); sensação de paranoia, nunca se sentir confortável, odiar que invadam seu espaço, ter problema com o elemento-surpresa de ser tocado sem aviso prévio (pessoas com autismo costumam preferir tomar a iniciativa do contato físico e são bem sensíveis a como as pessoas fazem isso), sensação de ser alvo de crítica e julgamento constante (efeito colateral de uma mente que nunca teve facilidade em supor o que se passa na mente alheia, e de ter sentido o peso da própria falta de tato social, que costuma gerar uma enxurrada de críticas externas, o que explica a paranoia de vida), ansiedade frente a lugares movimentados, perfil colecionador, preferência pela rotina e dificuldade em falar sobre/expressar sentimentos, que costumam ser intensos, mas ficam represados. E a dificuldade com matemática se chama “discalculia”, muito comum no espectro autista. Esse teste “Aspie Quiz” costuma acertar bastante, ou seja, tem alto nível de confiabilidade. Sua pontuação é realmente alta para Asperger, mas indica que você ainda tem alguns aspectos neurotípicos em seu funcionamento, que “suavizam” um pouco a síndrome, o que explica porque você consegue transitar de forma ‘relativamente normal’ nos ambientes e ter um certo número de amizades, ainda que sem a reciprocidade de amizades típicas. Por tudo isso, refaço minha sugestão de buscar uma avaliação médica formal, geralmente fornecida por um psiquiatra. Antes, porém, sugiro que leia mais uma publicação, que explica as dificuldades comuns em processos diagnósticos, nesse link: https://sindromedeasperger.blog/2017/07/15/sindrome-de-asperger-diagnostico-e-tratamento/
      Boa sorte em sua caminhada. A informação sobre a síndrome te ajudará muito a encontrar meios de viver melhor. Obrigada pelo comentário e seja sempre bem-vindo ao blog!

  6. Tive pontuação de 188 para neurodiverso e 32 para neurotipico e francamente a forma como o teste me retratou em diversas situações é quase assustadora, até porque já estive em diversos problemas e situações de risco por essas coisas.
    Minha psicóloga me falou sobre a suspeita de autismo com superdotação e estou de consulta marcada com um neurologista e esperando a consulta com minha psiquiatra para falar sobre isso.
    Eu desconfio muito que seja realmente esse o diagnóstico, mas me sinto em uma negação normal de me perguntar “como assim? Eu não sou assim ou de tal forma, então não é possível” embora saiba bem que os sintomas são muito diversos e que quanto mais procuro sobre, mais me identifico. Tenho 22 anos e minha vida está um caos porque não sei lidar com minhas diferenças e limitações porque nunca entendi como poderia ser tão… assim. Me sinto nervosa tanto com a possibilidade de um sim quanto de não, porque no fundo estar próxima de algo que ajude a me entender e buscar o melhor jeito de lidar com isso é um alívio. Agora é esperar o diagnóstico, completamente nervosa sobre estar com um desconhecido em uma situação desconhecida onde não posso prever como agir. É perturbador, sinceramente.
    Inclusive preencher esse formulário está me deixando um pouco nervosa, só para ser clara.

    • De fato, pela pontuação e pelo seu relato, existem chances muito altas de você ter Asperger e, o que não é incomum quando se tem Asperger, superdotação também, o que, por si só, já gera muita angústia e dificuldade na vida, apesar de ser um dom especial. Acho, sim, fundamental que você busque se conhecer, ter certeza do que você tem e do que você é, pois isso te dará um “norte” do que ler, de estratégias de enfrentamento e até para acabar se comunicando com outras pessoas iguais a você. As similaridades serão incríveis e será algo totalmente novo na sua vida, como se você encontrasse, enfim, a sua ‘tribo’. Para saber acerca do QI, você precisaria fazer um teste de QI, que muitos psicólogos aplicam (cheque com a sua), mas é preciso que o psicólogo tenha conhecimento das suas particularidades e leve isso em consideração ao aplicar e avaliar o teste, pois se o profissional não for conhecedor de quadros de autismo leve, poderá ter certas atitudes que reduzam seu resultado. Sugiro que você leia outros dois posts aqui do blog:
      – Depressão Existencial e a Teoria da Desintegração Positiva de Dabrowski – https://sindromedeasperger.blog/2017/11/07/depressao-existencial/
      e
      – Como identificar a superdotação intelectual? – https://sindromedeasperger.blog/2017/11/07/como-saber-se-sou-intelectualmente-superdotado/

      Você está no caminho certo. O autoconhecimento não é uma estrada fácil. É preciso coragem, mas o resultado final é sempre melhor do que não saber quem você é, quais seus pontos fortes e falhos, o que inevitavelmente te levará um dia a perceber que todos, sem exceção, temos coisas boas e outras nem tanto assim, e isso é apenas parte da diversidade humana. Tem uma frase que gosto muito que diz: “De perto, ninguém é normal.” Nesse processo inicial de autodescoberta, se puder permanecer em acompanhamento psicológico, será muito bom. Boa sorte!

  7. Eu fiz o teste e o resultado foi 139/200 pra aspie e 65/200 pra neurotípico. Eu tenho lido um pouco sobre asperger acabei por identificar em mim diversas características dessa condição, coisas que eu sempre tinha avaliado como traços de timidez. Acha que vale a pena ir a um profissional? É comum que as pessoas procurem psiquiatras atrás da confirmação (ou não) de um diagnóstico específico?

    Desde já agradeço a atenção.

    • Sim, observando o resultado do teste e sua narrativa, acho, sim, muito válida a busca por um psiquiatra. Além de questões comuns a pessoas com Asperger, como quadros de ansiedade, depressão ou TOC, que podem ser aliviados com medicação, há também o ganho do autoconhecimento, que é uma poderosa ferramenta de enfrentamento das dificuldades e de autoaceitação na vida. Nos ajuda a perceber quando temos questões que fazem parte da diversidade humana e que não significam que sejamos falhos ou pessoas ruins, de algum modo, e sim uma variação da nossa própria espécie. Isso ajuda a construir uma identidade mais fortalecida frente à crítica alheia (e à nossa própria crítica interna) e a conhecer melhor quais os pontos fortes e fracos no nosso funcionamento. Ajuda, inclusive, a encontrar pessoas que tenham um perfil em comum e que nos façam perceber que não somos os únicos com certas questões, coletando preciosas informações de vida, afinal, o fato é que todo ser humano sempre deseja encontrar uma “tribo” a que possa pertencer. Boa sorte e seja sempre bem-vindo ao blog. Antes de procurar um diagnóstico, sugiro ler o artigo: https://sindromedeasperger.blog/2017/07/15/sindrome-de-asperger-diagnostico-e-tratamento/

  8. meu test, por umas vezes que fiz, para comprovar, sempre está na margem de 150 para neuro diverso, o típico eu não lembro bem, mas é bem baixo tipo uns 65.
    Às vezes penso que é tolice uma pessoa com mais de 50 ter asperger, outra vezes acho que é um caso sério mesmo. De todas os sintomas os que mais me afligem e sempre afligiram foram o toque, desde criança quando alguem me abraçava era como se me queimasse o corpo e outro era não suportar sair da rotina, nem por uma festa de aniversário, eu queria que terminasse logo e todos fossem embora para que eu continuasse a me introverter, eu acho. Mas também tem outro sintoma que só entendi muito tarde, quando já havia sofrido muito. Eu não sei bem entender as expressões das pessoas. como uma cegueira mental; Ficava e fico com raiva por entender, só depois, isso quando entendo. Sempre tive tratamento desde criança, mas só me diziam que eu era muito impressionável e ansioso

    • Nunca é tolice procurar se compreender e dar sentido a tudo o que passamos nessa vida. Pessoas com Asperger sofrem muito, passam uma vida de incompreensões e julgamentos dolorosos e injustos, e muitas pessoas que recebem o diagnóstico tardio descrevem a sensação como “libertadora” acima de tudo, pois se dão conta de que têm um sistema neurológico diverso, que lhes traz tanto qualidades quanto dificuldades, e que não as tornam menos por isso, e sim diferentes, merecendo serem respeitadas por serem quem são. Com um diagnóstico vem, muitas vezes, o alívio de saber que a maioria dos rótulos negativos que as outras pessoas depositaram desde sempre na pessoa com Asperger são fruto de incompreensão das pessoas e de julgamentos errôneos e que, portanto, não mais devem ser levados na bagagem emocional. Seu relato sobre suas características sugere, de fato, muito fortemente (eu diria que uns 80%) a presença da síndrome de Asperger e justificam totalmente uma avaliação médica formal para comprovação. A saber, a ansiedade é uma das principais comorbidades da síndrome de Asperger, seguida de perto pela depressão, afinal, ser neurodiverso num mundo neurotípico gera muito sofrimento e stress. Com um diagnóstico (o psiquiatra é o médico de preferência para esse tipo de avaliação), inclusive um tratamento medicamentoso pode ser seguido, o que pode aliviar muito a carga de sofrimento diário. Seja sempre bem-vindo ao blog.

  9. O meu teste aqui deu;
    163-200 asperger
    36-200 neurotipico
    eu sei que sou Autista, mas até hoje só falei com um psiquiatra quando era miudo, e foi porque me obrigaram. Tenho 56 anos e sou, tanto quanto penso, uma pessoa feliz.
    Há muito que deixei de me preocupar com isso.
    Sejam felizes e não se importem de serem diferentes. O Mundo pula e avança porque há pessoas diferentes….

    • A única coisa chata nisso tudo é o fato de dizer ou não que somos portadores de TEA leve, pois se falamos, nos tratam como “diferente”, e vêm com a exclamação: Eu sabia! Aí. Se a gente não fala as vezes é pior, somos criticados do mesmo jeito: Que cara mais excêntrico, chio de manias, cheio de frescura!

      • Não é fácil mesmo. Como tudo na vida, há sempre um lado positivo e um negativo em tudo. O jeito é analisar o público para quem se fala dentro do círculo imediato de convívio. Uma vez, uma médica muito boa que conheço fez a seguinte observação: “Se você for contar para alguém que possa ajudar de alguma forma, conte, mas se for para alguém que não vai fazer nada de útil ou positivo com a informação, talvez seja melhor não dizer”. É claro que esse tipo de reflexão acontece justamente por termos muita gente ignorante à nossa volta, pois se vivêssemos numa sociedade mais evoluída e consciente, isso não haveria de ser um problema. Por isso, precisamos trabalhar pela divulgação nas mídias, pois quanto mais informação, mais formação de consciência e mais próximo o dia em que a sociedade terá alcançado um novo nível de compreensão das coisas. Obrigada pelo comentário.

      • Eu te agradeço, por responder, me surpreendeu bastante saber que tem gente que se importa. Por esses dias estou passando por uma situação complicada. Tive que preencher muitos formulários, tirar passaporte novo, andar atrás de diploma, traduzir. Tudo isso por conta de uma candidatura a um mestrado na Espanha. Tive que ter ajuda de muita para resolver tudo isso, por isso quase informei a universidade que eu tinha TEA leve diagnosticado. Eu escrevia o e-mail e depois cancelava; se informasse seria como se estivesse me desculpando, por isso preferi não. E nos dez dias que me deram para enviar os documentos fiz tudo nos últimos momentos do prazo. Eu odeio formulários, sempre erro tudo, chego a errar o meu próprio nome. Mas, eu não sei se devia informar, será que ajudaria?

  10. EiMan, acredito que depende sempre do contexto, para você pensar se revela o diagnóstico ou não. Como no seu caso, trata-se de um mestrado num país estrangeiro, há três coisas a favor de revelar o diagnóstico:

    1) é um contexto de estudos, e não de vaga de emprego, e pode ser benéfico para você obter certas acomodações que universidades geralmente oferecem a pessoas com Asperger, como: a) poder fazer a prova separadamente dos colegas e ter uma hora a mais para executá-la; b) flexibilidade no cumprimento de prazos; c) ser liberado de apresentações de trabalhos em formato de palestras, que o exponham desconfortavelmente a um público.

    2) por ser um contexto educacional, a instituição é muito mais receptiva a necessidades especiais do que se fosse num contexto de trabalho, onde empresas só visam lucro e buscam apenas a “máquina humana que produza mais por menos”.

    3) por ser uma instituição estrangeira, embora não necessariamente seja o caso o que vou dizer agora, o fato é que é muito mais provável/comum encontrar pessoas mais bem informadas sobre uma síndrome como Asperger em países mais desenvolvidos do que em países com um nível cultural tão baixo como no Brasil. E sendo mais bem informados, podem, inclusive, saber que alunos com Asperger têm um potencial incrível e possuem inteligência geralmente acima da média, o que torna pessoas como você talentos em potencial para uma universidade.

    Já em contextos de procura de emprego, infelizmente acho que é melhor não revelar o diagnóstico (a menos que as acomodações que você precisaria fossem indispensáveis para a execução do seu trabalho), pois o interesse de empresas em acomodarem pessoas com necessidades especiais de qualquer espécie (mães com filhos pequenos sofrem o mesmo preconceito, por exemplo) é quase sempre nulo e, além disso, a falta de informação, que dá lugar a achismos estereotipados acerca do autismo, pode excluir você de um processo seletivo. Porém, se depois de já estar na empresa tempo suficiente para que conheçam o seu trabalho, certas dificuldades que seriam melhoradas com adaptações especiais estiverem atrapalhando seu desempenho profissional, então talvez valha a pena se abrir com o chefe.

    Essa sua dificuldade com o aspecto prático das coisas é muito característica do autismo leve ou Asperger, pois pessoas no espectro costumam ter um prejuízo na função executiva do cérebro, localizada no lobo frontal. Essa não é uma característica pertencente somente a pessoas no espectro, no entanto. Pessoas com alto QI e muito criativas tendem a ter os mesmos problemas. Talvez você ache interessante esse artigo aqui:

    https://sindromedeasperger.blog/2017/08/31/autismo-e-prejuizo-no-lobo-frontal/

    Sugiro que você procure fazer parte de fóruns ou grupos de pessoas com Asperger. Você vai ver que não está sozinho e que ainda há pessoas que se importam, sim, e que o autismo é uma condição complexa e dupla: se, por um lado, há muitos déficits e dificuldades, também há características admiráveis no perfil, como inteligência, certas habilidades específicas, excelente raciocínio lógico, boa memória e capacidade visual destacada. Aproveito para deixar esse outro link também, onde você pode ver a diferença entre um cérebro autista e um neurotípico: https://sindromedeasperger.blog/2017/07/04/diferencas-no-cerebro/

    • Eu queria perguntar algo. É sobre um assunto que me deixa muito frustrado e aborrecido. Acontece quando estou numa situação dessas que eu comentei anteriormente. Qualquer projeto que invisto, seja ele no campo de trabalho, estudo, viagem… me entusiasmo tanto no início, vou a fundo e busco conhecer como tudo acontece como tudo funciona e durante o período de espera para que o tal projeto tenha resultado, já esmiucei quadrinhei, sonhei pareço ter vivido tudo tudo antes de acontecer. E, quando a “coisa” realmente acontece, estou quase sem nenhum interesse por ela. Isso arrasa comigo! Até na vida sentimental isso acontece, É como se eu tivesse uma “vontade fraca” mudo de projeto a vida toda. Será que isso tem a ver com Aspergerr?
      Agradeço por esse espaço que você nos deixa é muito útil.
      Ei Man

      • Olá! Pode ter bastante a ver com Asperger, mas há outros fatores envolvidos. A personalidade e a capacidade cognitiva influenciam bastante nesse tipo de sentimento. Vamos aos esclarecimentos:
        1 – O que tem a ver com Asperger: a tendência obsessiva e hiperfocada (hiperfoco). No hiperfoco, tanta energia é canalizada que não se para enquanto não se “gastar toda ela”, de modo que quando o evento esperado chega, já não há muito mais o que investir. É o mesmo mecanismo da obsessão. Soma-se a isso um quadro de ansiedade (que é uma das comorbidades mais comuns em Asperger), que, na verdade, costuma ser o motor por trás das obsessões e rituais, e tem-se uma intensidade em alta voltagem, que certamente demanda um fluxo imenso de energia mental e emocional. A ansiedade também influencia a necessidade de manter o controle, e por isso, numa situação que ainda não ocorreu, como um projeto, por exemplo, o empenho mental para que tudo corra da forma mais planejada possível é grande. E a síndrome de Asperger reforça isso, pois pessoas no espectro gostam e precisam de previsibilidade para se sentirem confortáveis e seguras, especialmente em situações novas. Por fim, como o autismo tende a cindir um pouco o pensamento da emoção, de modo que um não necessariamente ocorra ao mesmo tempo que o outro, é muito possível que a análise lógica predomine durante um evento esperado e a emoção só chegue depois, dias depois, às vezes. É muito comum em crianças com Asperger que contenham a emoção causada por alguma situação estressante e só a expressem/liberem quando chegam em casa e se encontram num ambiente seguro e conhecido.
        2 – Personalidade: pessoas mais analíticas, imaginativas, criativas e autônomas tendem a investir muita energia mental nos detalhes e possibilidades das coisas que as cercam.
        3 – Capacidade cognitiva: pessoas com QI acima da média – algo extremamente comum na síndrome de Asperger – tendem a apresentar características similares às do autismo (um estudo mostrou haver uma correlação entre os genes responsáveis pela inteligência humana e os relacionados ao autismo), principalmente quanto a também terem hiperfoco, capacidade analítica e lógica acentuada, perfeccionismo, intensidade emocional e quadros de ansiedade. Ou seja, um QI alto reforça certos aspectos da síndrome de Asperger e vice-versa.
        Espero ter respondido a sua pergunta.

  11. Olá, o meus números foram: Seu índice neurodiverso (Asperger): 112 de 200
    Seu índice neurotípico (não autista): 97 de 200

    Tenho 49 anos, sexo masculino, casado, com filha mais nova diagnosticada com autismo leve(em tratamento).
    Estou licenciado do trabalho, meu psiquiatra diagnosticou neurastenia e Síndrome de Bornout.
    Tenho grande dificuldade em interpretar dados diversos como os números acima em relação à tabela acima(pessoa a, pessoa b etc); como também, simplesmente não consigo ver lógica nenhuma em questões de raciocínio lógico; porém, tenho facilidade com aritmética.
    Tenho também, dificuldade em transcrever e às vezes expressar minhas idéias e pensamentos.
    No momento, não colocar parágrafos está me incomodando.
    Por enquanto, encerro por aqui.
    Desde já agradeço.

    • Olá. Seu resultado 112 de 200 para neurodiversidade sugere a presença de autismo. Se você tivesse tirado 100, por exemplo, estaria exatamente em cima do muro, ou seja, metade neurotípico e metade neurodiverso. Com 112, no entanto, você já adentra um pouco o espectro do autismo, o que está em consonância com o resultado 97, que apresenta menor tendência a neurotipicidade. É possível, ainda, que esse resultado seja um pouco diferente se você responder as perguntas de novo, com o máximo de atenção que você puder, pois a dificuldade de compreensão social e de si mesmo presentes num quadro de autismo leve podem impedir uma total compreensão das perguntas num primeiro momento. De qualquer forma, existe uma tendência para o espectro mais que para a neurotipicidade. Muitos médicos não têm conhecimento suficiente acerca de Asperger no Brasil, e acabam diagnosticando as comorbidades, em vez do transtorno principal. O seu resultado é bem frequente em pessoas que, mais tarde, acabaram sendo diagnosticadas com autismo de alto funcionamento ou síndrome de Asperger. O Burnout e a Neurastenia que você apresenta podem ser comorbidades do autismo de alto funcionamento/Asperger, já que ter que se esforçar para dar conta da vida num mundo neurotípico enquanto se tem as dificuldades e sensibilidades típicas do autismo é altamente desgastante e estressante. Inclusive, ha relatos na literatura de pessoas com Asperger que apresentam fadiga crônica. Não são sintomas ou condições que pertencem exclusivamente ao autismo, mas muito comuns nessa população. A ansiedade, a depressão e seus correlatos, como a síndrome do pânico e o transtorno obsessivo compulsivo, por exemplo, são absolutamente comuns no autismo. Tenho algumas perguntas centrais para pensarmos se você realmente estaria no espectro do autismo:
      1. Você tem obsessão por algum assunto?
      2. Você tem dificuldades alimentares?
      3. Quando criança, como era sua socialização na escola? E hoje, você tem amigos?
      4. Você sabe de teve atraso de fala quando pequeno?
      5. Você tem comportamentos repetitivos?
      6. Apresenta sensibilidades sensoriais (incômodo com roupas, barulhos, iluminação, seletividade alimentar, cheiros)?

      • Boa tarde!
        1 – Acredito que a minha obsessão varia de acordo com o momento/interesse, semanas atras, quando fui adquirir um novo smartphone, passei vários dias pesquisando exaustivamente a respeito de aparelhos(opiniões de usuários em artigos, videos etc), adquiri, porém continuo pesquisando a respeito do mesmo aparelho, para trocar de carro é a mesma coisa.

        2 – Sou obeso(um pouco na infância, agravando na fase adulta) digo que como por prazer, porém, não consigo me controlar nos limites, não sei parar.

        3 – Tímido, mas quando fazia amigos, era pra valer, a socialização era relativa boa. Hoje, possuo pouquíssimos amigos presentes.

        4 – Gagueira na pre-adolescência.

        5 – Acredito que no momento não.

        6 – Sim, barulhos de ambientes lotados me perturbam bastante, dificultando a concentração até para dialogar, iluminação artificial forte também me incomoda, e por fim, odeio cheiro de fritura, chega a enrolar o estômago.

        Mais uma vez, agradeço.

      • Você tem um caráter bastante investigativo e detalhista, bem como sensibilidades sensoriais significativas, o que são coisas bastante frequentes na síndrome de Asperger. A ausência de comportamentos repetitivos e certa capacidade de socialização são, porém, traços que não sugerem a presença da síndrome, embora eu considere o exemplo da sua busca exaustiva por uma mesma informação (como o caso do smartphone) uma mostra de tendência à repetição e o fato de não ter uma socialização mais ampla ou tranquila algo a se pensar. O que eu suspeitaria seria da presença de traços autísticos, como nos casos de FAA (Fenótipo Ampliado do Autismo), onde a pessoa já adentra o espectro e, portanto, já enfrenta algumas das dificuldades e desafios comuns aos autistas, mas não possui todos os traços que configurem a síndrome propriamente dita, ou então um caso mais leve de Asperger, algo como um “borderline Asperger”. No entanto, somente uma avaliação mais detalhada (feita por um psiquiatra com experiência em autismo) poderia determinar isso com certeza, e acredito que você tenha traços suficientes que justifiquem uma avaliação profissional. Seja sempre bem-vindo ao blog.

  12. Fico feliz que tenha gostado. De fato, o inglês nos proporciona experiências muito enriquecedoras, as portas do conhecimento são muito maiores quando se sabe o idioma. Essa é uma das minhas motivações no blog: compartilhar conhecimento de qualidade com quem, diferentemente de nós, não pode ter acesso pela falta do idioma.

  13. Meu caso é complexo, não tenho um diagnostico formal de Asperger. Comecei a ter forte depressão na vida adulta, sentia que não conseguia me encaixar em nada. Tentava uma faculdade mas não conseguia entrar naquela rotina, a depressão e ansiedade foram agravando, larguei um curso, procurei um Neurologista. Tratei depressão com mirtazapina durante 5 anos. Dentro deste prazo melhorei nos 2 primeiros anos, tomava zolpidem pra dormir. Logo depois os sintomas depressivos e ansiosos voltaram com mais força. Mesmo assim, segui um longo período num trabalho que eu não gostava, numa área que eu não gostava, me sentindo inferiorizado e diferente de todos. A vista dos outros o tratamento contra a depressão estava funcionando, porque eles viam que estava trabalhando, mas estava longe de ser feliz. Naquela época tinham muita dificuldade em contar para os outros o que eu realmente sentia. Até que um dia buscando ter uma vida “normal” voltei ao neurologista e informei isso a ele, então, ele me encaminhou para Psicologa e para uma Psiquiatra e informou a minha família sobre a possibilidade de eu estar inserido no TEA. A avaliação psicológica informou um quadro de TAG (transtorno de ansiedade generalizada). Então a psiquiatra começou a me tratar com Venlafaxina, como num passe de magica, comecei a ter interações social (pois tenho alguns poucos, mas bons amigos), saia pra festas, me divertia sem se preocupar muito com as coisas. Decidi entrar em uma nova faculdade e encontrei um futuro profissional que quero seguir. Depois de largar os medicamentos, a vontade de sair de casa pra se divertir foi embora. Passo minha vida de casa pra faculdade, parece que ela é minha rotina agora, e meu hiperfoco também. Fico bastante chateado quando não tem aula, pois é um lugar que eu realmente gosto de estar. Tento me relacionar amorosamente, porém as “candidatas” não entendem minha estranha necessidade de ficar em casa ou isolado durante algum tempo. Diante da mudança que tive apos os medicamentos, o sentimento de não conseguir levar uma vida igual as outras pessoas, focar em uma coisa de cada de vez, penso seriamente que suspeite de TEA do neurologista que me atendeu por 5 anos possa estar correta. O que coloco na balança contra a possibilidade do TEA são os fatores de empatia, a não dificuldade com analogias e também o contato visual normal.

  14. Boa noite!
    O teste do meu filho deu 107 para neuroatipico e 104 para neurotípico. No momento estamos buscando um diagnóstico, desde muito cedo tenho tentado, mas os médicos diziam que eu estava tentando rotular meu filho. Ele nunca foi uma criança sociavel, tem sido agressivo com ele mesmo, uma linguagem fora do comum com interesses bem peculiares do tipo: politica (nessa última eleição para presidente ele leu todos os planos de governo de todos os candidatos e discutia com habilidade sobre as propostas)), fatos científicos e a mania do momento é a bolsa de valores. Não tem paciencia para adolescentes da idade dele (17 anos). Tem tido convulsão epiléticas e eventos não epiléticos. Tem dificuldades em amizades e qdo consegue se relacionar não mantém esses relacionamentos por muito tempo, não tem muito filtro e isso, claro, chateia as pessoas, ah e mantem contato visual normal, ele é empático, porém de forma e tempo diferente do nosso.

    • Olá, Cintia.
      Infelizmente, é ainda difícil encontrar profissionais que realmente compreendam casos de autismo leve, como a síndrome de Asperger. Você precisa buscar médicos nas áreas de Neurologia ou Psiquiatria para ter melhores chances de encontrar um que entenda do quadro. Talvez um neurologista seja mais interessante, uma vez que seu filho também apresenta convulsões. Pelo que você descreve, existe, sim, chance dele estar no espectro, mais por sua descrição do que pelo resultado do teste em si, afinal, o teste não é exato e nem é considerado um instrumento de avaliação profissional oficial. De qualquer forma, a pequena tendência do teste para a neurodiversidade é mais um ponto que pesa em favor do diagnóstico positivo neuroatípico. Obsessões com assuntos específicos e pouco comuns em relação ao padrão popular (como um adolescente que se interessa pela Bolsa de Valores) costumam ser clássicas em Asperger, embora também ocorram em pessoas superdotadas. Casos de Dupla Excepcionalidade (Asperger + Superdotação) são muito comuns em portadores de autismo leve. Sugiro a leitura do seguinte artigo sobre isso: https://sindromedeasperger.blog/2017/07/14/dupla-excepcionalidade-sindrome-de-asperger-e-superdotacao/
      Será preciso investigar a natureza das dificuldades de socialização do seu filho, para compreender melhor o quanto disso está no espectro do autismo e o quanto pode dever-se unicamente à presença de QI elevado, já que superdotados também apresentam dificuldades sociais, embora de formas e por motivos diferentes.
      É bastante difícil encontrar um profissional que entenda de Asperger e mais ainda um que entenda de superdotação. Se você precisar, posso indicar o nome de um psiquiatra especialista em ambos os quadros em São Paulo.
      No blog, você encontra informações sobre como é o processo diagnóstico e sobre as características de portadores de Asperger. Boa parte dos textos tem como base crianças no espectro, mas a essência é válida para adultos e há textos específicos para adultos também, como, por exemplo, um artigo sobre as características de Asperger em homens. Seguem os links caso queira lê-los:
      https://sindromedeasperger.blog/2017/07/15/sindrome-de-asperger-diagnostico-e-tratamento/
      https://sindromedeasperger.blog/2017/07/04/caracteristicas-de-criancas-com-sindrome-de-asperger/
      https://sindromedeasperger.blog/2017/10/02/o-lado-negativo-da-sindrome-de-asperger-para-os-homens/

      E, por fim, este texto também pode ser interessante:
      https://sindromedeasperger.blog/2017/08/09/vantagens-e-desvantagens-do-diagnostico/

      Obrigada pelo comentário e boa sorte. Seja sempre bem-vinda ao blog.

  15. Tenho investigado se tenho aspeger juntamente com minha psicologa e ela acha bem provável. Mas não sei que médico procurar, sei que é um psiquiatra, mas como os sintomas em mulheres são tão diferentes que em homens e a maior parte dos médicos segue a cartilha masculina não sei como escolher o especialista, ainda mais morando no interior.
    Achei uma lista de características em mulheres feita Tania Marshall, doutorando da área, e tenho quase todas as características, tenho recebido diagnósticos de depressão e ansiedade generaliza e social a anos.
    Quem quiser dar uma olhada na lista aqui o link:
    https://acordocoletivo.org/2016/08/14/mulheres-aspies-mulheres-adultas-com-sindrome-de-asperger-em-busca-de-um-perfil-feminino-da-sindrome-de-asperger/

    • Realmente, não é uma busca fácil. O único jeito é arriscando, pois não existe um profissional especializado em autismo em mulheres. O profissional a ser buscado é realmente um psiquiatra, mas você só saberá se ele entende de autismo em mulheres quando passar pela consulta e conversar com ele. Se não sentir confiança no profissional, busque outro até encontrar um que dê certo. Boa sorte.

  16. Oi, Audrey Bueno! Eu sou médico e tenho atendido muitas pessoas adultas com suspeita de TEA e achei bem interessante o questionário do teste “Aspie Quiz”, para esta finalidade. Mas não encontrei nenhuma explicação sobre como interpretar o gráfico que o questionário gera ao final. Tem alguma sugestão de leitura?

  17. Para se ter uma ideia, faz um tempo, comentei com um psiquiatra sobre neuro diverso e neuro típico e ele disse que não conhecia esses estudos, até hoje não sei se ele não sabia mesmo ou não quis se alongar no assunto.

    • Na verdade, não são estudos, e sim termos: “neurotípico” e “neurodiverso”. De qualquer modo, ele deveria ter sido capaz de falar sobre isso. Muitos profissionais ainda têm uma visão bastante estereotipada e ultrapassada do autismo, especialmente os formados há mais tempo e que, por uma razão ou por outra, não buscaram especializações ou atualizações, de modo que não estejam familiarizados com termos mais atuais, afinal, o conceito de espectro no autismo só passou a ser difundido no Brasil na última década.

  18. acho que eu não me expressei direito e o que o psiquiatra disse foi que ‘nao estava inteirado com o estudo que englobava esses termos: Neuro diverso e típico.

  19. Em 2017, conversando pela internet com um colega que tem síndrome de Asperger ele me falou sobre o aspie-quiz, na época eu fiz o teste e a pontuação deu bem alta no aspecto neurodiverso e baixa no aspecto neurotípico, mas não procurei um diagnóstico por questões financeiras e também por estar de certa forma com a vida “encaminhada”. Mas o tempo passou e as angústias só aumentaram.
    Hoje procurei uma psiquiatra pela primeira vez, através do plano de saúde que tenho, ela mal me ouviu, houveram interrupções no meio da consulta e eu foquei mais nos problemas de depressão e ansiedade que têm me afligido, mas também falei dos problemas de socialização, acabou que ela terminou a consulta me receitando remédios para transtorno bipolar. Quando eu questionei o porquê daquela medicação e falei sobre eu ter a suspeita de ter autismo leve (síndrome de Asperger) ela falou que ainda era cedo para um diagnóstico, mas que eu não me enquadrava no autismo, nem mesmo no autismo com altas habilidades e que ela suspeitava que eu tenho algum transtorno de humor (bipolaridade). Voltei pra casa inconformada por em uma única consulta ela já ter me passado medicação para quatro meses, baseada em uma conversa de menos de meia hora e totalmente atrapalhada. Refiz o aspie-quiz e minha pontuação foi a mesma de alguns anos atrás, 146/200 neurodiverso e 76/200 neurotípico.

    • Recomendo que você busque uma segunda opinião, preferencialmente de um psiquiatra que tenha conhecimento acerca de autismo de alto funcionamento em adultos. O ideal seria buscar um por indicação, para aumentar as chances de acerto, pois muitos ainda não conhecem o espectro o suficiente. Se você for de SP, sugiro o psiquiatra Dr. Ricardo Minniti (atenção para o sobrenome, pois na clínica há um outro Dr. Ricardo, com sobrenome Dutra, mas este não atende casos de autismo). Telefone: (011) 98978-8284 – Endereço: Rua Sergipe, 441 – Consolação – São Paulo – SP. Se você for de outra localidade, infelizmente não tenho nenhuma indicação, mas uma ideia poderia ser você entrar em grupos de pessoas com Asperger no Facebook e perguntar se alguém conhece um profissional na sua região que possa indicar. Para que o profissional faça um bom trabalho diagnóstico e descarte a hipótese de autismo, ele precisa ouvir seu histórico de infância e investigar com mais detalhes os aspectos referentes à socialização (na escola, no trabalho, familiar, amizades, relacionamentos românticos), comportamentos repetitivos ou interesses obsessivos, sensibilidades sensoriais e característica comunicativa, bem como investigar quais gatilhos desencadeiam ansiedade e depressão. Se a médica fez tais afirmações sem ter ouvido ou explorado mais detalhadamente os aspectos que citei, ela não tem base para confirmar e nem para descartar autismo. Desejo-lhe sorte em sua busca.

  20. Parabéns Audrey Bueno, seu trabalho é uma ferramenta extremamente útil para tornar conhecido o que há de mais recente no TEA. Sou um dos que beneficiaram do teu trabalho. Aos 47 anos fui diagnosticado com Cid 11 6A02. Hoje aos 50, estou há 3 anos aprendendo a viver com o TEA. Minha condição é análoga a uma criança, que aos poucos aprende a dar os seus primeiros passos, “seguindo meu rumo em busca de um prumo”. Trecho de meu livro Crônicas de um Asperger Matuto de João Daniel de Andrade.
    Obrigado por seu magnânimo trabalho!

  21. Seu índice neurodiverso (Asperger): 118 de 200
    Seu índice neurotípico (não autista): 109 de 200

    Fiz um teste online e esse foi meu resultado não entendo exatamente. Bom tenho certas dificuldades, nada sério porém já dificultam minha vida de modo geral.

    • O resultado pode ser interpretado da seguinte forma: imagine que 200 pontos equivalem a 100% de preenchimento de um gráfico de pizza. Temos dois gráficos, um para traços neurodiversos (autistas) e outro para traços neurotípicos (não autistas). Quanto mais preenchido estiver o gráfico, mais traços do referido perfil a pessoa possui. Quando a pessoa não se enquadra no critério diagnóstico oficial de autismo, o gráfico da neurodiversidade costuma ter baixa pontuação, geralmente entre 40 e 80, praticamente nunca passando de 100. Quanto maior a pontuação, mais traços autistas. Pontuações entre 100 e 120 sugerem forte possibilidade de autismo condizente com a síndrome de Asperger, sendo considerada uma pontuação limítrofe, ou seja, a pessoa provavelmente não é neurotípica, mas também não é “claramente” autista. Nessa pontuação, os traços autistas são bastante brandos, de modo de seria necessário um especialista para identificar com sucesso a porção autista de funcionamento. Com 120 pontos, especialistas costumam diagnosticar a presença da síndrome de Asperger, mas médicos sem experiência podem não reconhecer os traços e oferecer falsos diagnósticos, geralmente enxergando apenas as comorbidades, como ansiedade ou depressão, por exemplo. A síndrome de Asperger tem seu próprio espectro, o que genericamente seria mais ou menos equivalente a 120 = Asperger leve, 150 = Asperger significativo e acima de 180 = Asperger muito pronunciado, encostando na divisa entre autismo leve e autismo moderado (um grau mais severo que Asperger). Essas estimativas são apenas a título didático, pois não é possível determinar em pontos a gradual intensidade do autismo. Todas as pessoas têm traços autistas em algum grau, mas quando esses traços ultrapassam uma determinada intensidade (no índice representado pela média 100), a pessoa costuma receber um diagnóstico. Sua pontuação no índice neurodiverso foi 118, ou seja, praticamente 120 (60% do gráfico preenchido), o que sugere presença de traços autistas acima da média para quem seria considerado apenas neurotípico, mas na faixa mais leve, ou seja, você provavelmente tem maior tendência para a neurodiversidade do que para a neurotipicidade e poderia, com um profissional experiente, ser diagnosticada, mas está na faixa limítrofe entre os dois tipos de funcionamento. Supondo que você recebesse um diagnóstico de síndrome de Asperger, seu índice neurotípico (109) também está cima da média (100) para alguém no espectro do autismo, ou seja, você seria uma “Aspie altamente funcional”, encontrando menos dificuldades que a média para uma pessoa diagnosticada com a síndrome de Asperger. Quando a pontuação é limítrofe, você tem a opção de buscar ajuda psicológica ou psiquiátrica para pontos específicos de dificuldades cotidianas, como trabalhar a ansiedade ou ampliar o autoconhecimento e as habilidades interpessoais, sem necessariamente depender de um diagnóstico para conseguir maiores adaptações no dia a dia, que são necessárias quando o funcionamento é mais comprometido e interfere muito nas atividades diárias. O atingimento de maior conforto e desenvoltura funcional possivelmente a colocaria fora do alcance do radar diagnóstico. Por fim, é importante lembrar que o teste é sempre uma estimativa, e não substitui avaliação médica especializada.

  22. Oi. Tenho um filho de seis anos que aos dois foi diagnosticado com autismo moderado. Após isso, eu e a mãe temos pesquisado bastante sobre TEA, e tenho cogitado a hipótese de que eu estaria no espectro. A mãe já me falava isso, só que nunca dei importância. E pesquisando vi o teste e fi-lo. O resultado foi: índice neurodiverso: 148 de 200; índice neurotípico: 55 de 200. Mesmo com esse resultado, às vezes penso que um diagnóstico é delicado na minha idade, 35 anos. Tenho uma filhinha recém nascida, tem três meses apenas, e eu muitas vezes me pego analisando-a para ver se ela tem algum traço. É doloroso.

    • Talvez ter um espaço terapêutico para que você possa falar de suas angústias, medos e dificuldades seja de boa ajuda. Por maiores que sejam nossos desafios existenciais, sempre há um lugar em que podemos chegar que não havíamos imaginado antes. Um abraço.

  23. Olá! Fiz o teste e o meu deu:
    Seu índice neurodiverso (Asperger): 113 de 200
    Seu índice neurotípico (não autista): 107 de 200
    Você parece ter ambas características neurotípicas e neurodiversas

    Na minha família temos alguns casos de autistas, mas eles tem o grau mais elevado que afetam o intelecto. Eu sempre fui uma criança muito agitada e inteligente, portanto nunca ninguém imaginou ou investigou a possibilidade de eu ter algo. Mas eu tenho fobia de multidões, sons repetitivos me deixam transtornada, tem muita dificuldade em fazer contato visual e certos tecidos e etiquetas me incomodam demais a ponto de eu ter q imediatamente trocar.

    O fator hereditário é importante no caso do autismo?

    Desde já agradeço.

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