É comum encontrar crianças que, além de terem a Síndrome de Asperger, também sejam superdotadas. Os especialistas referem-se a esse tipo de quadro como “Dupla Excepcionalidade”.
O diagnóstico de superdotação geralmente é feito por psicólogos ou neuropsicólogos, mediante análise do histórico de desenvolvimento da criança, observação comportamental e aplicação de testes que medem o QI (quociente intelectual). Um QI igual ou acima de 127 (percentil 96) é geralmente considerado um marcador de superdotação. No entanto, nem todos os estudiosos do assunto estão de acordo quanto à “nota de corte” de QI, e muitas instituições especializadas consideram um QI mínimo de 130 como marcador de superdotação intelectual. É preciso bom senso, no entanto, pois o ser humano não é uma ciência exata e mesmo testes de QI têm suas limitações e podem apresentar divergências em cada aplicação, de modo que resultados muito próximos da “nota de corte” mereçam sempre uma segunda avaliação. Afirmar categoricamente que alguém é superdotado porque obteve um QI de 130 e que alguém não é superdotado porque obteve um QI de 129 não faz muito sentido, portanto.
Embora nem todas as pessoas com Asperger possuam alto QI, a síndrome de Asperger ficou popularmente conhecida como “Síndrome do Gênio” por alusão ao alto QI que pessoas com Asperger muitas vezes possuem, bem como por figuras históricas que foram consideradas gênios da humanidade, como Isaac Newton, Henry Cavendish e Albert Einstein, cujos traços de personalidade, habilidades e dificuldades em muito se assemelhavam aos da Síndrome de Asperger. Outro termo popularmente aplicado à síndrome é que Asperger é “autismo de alto QI”. Recentemente, foi publicado um artigo no Mail Online, um dos jornais virtuais britânicos mais acessados no mundo, sobre pesquisas de cientistas ingleses que suspeitam fortemente que os mesmos genes envolvidos no autismo também sejam os responsáveis pela inteligência humana. Pessoas com propensão genética para o autismo, porém sem o transtorno, obtiveram maiores pontuações em testes de QI que as pessoas sem esse tipo de propensão, o que corrobora muitas teorias de que autismo e alta inteligência estejam relacionados. Porém, não se sabe exatamente como isso acontece e nem o motivo. De qualquer modo, é interessante que os resultados dessas pesquisas esteja em concordância com o fato de que muitas pessoas com a síndrome de Asperger também sejam superdotadas, assim como superdotados também tendem a ter a síndrome de Asperger ou traços dela. Existe uma sobreposição de características entre os dois quadros.
Crianças com dupla excepcionalidade têm um sistema de funcionamento ainda mais atípico do que já se verifica em crianças que possuam somente a Síndrome de Asperger, pois não apresentam o funcionamento comumente encontrado na síndrome, nem o funcionamento comumente encontrado em superdotação, ou seja, por um lado, geralmente têm maior desenvolvimento da Teoria da Mente e um pensamento mais abstrato e flexível do que seria o esperado para um quadro típico de Asperger, mas, por outro lado, não têm uma maior gama de interesses, fluidez funcional, habilidade social, desenvolvimento emocional, insight ou facilidade de adaptação contextual como geralmente se observa em superdotados típicos.
O diagnóstico desse tipo de quadro é, portanto, ainda mais difícil, pois tanto as características de superdotação mascaram as da Síndrome de Asperger, como as da Síndrome de Asperger mascaram as características de superdotação.
Um artigo da pesquisadora americana Maureen Neihart, cujo título é Crianças Superdotadas com a Síndrome de Asperger (Gifted Children With Asperger’s Syndrome) diz o seguinte:
“Para identificar a síndrome de Asperger em crianças superdotadas, duas coisas são necessárias: um histórico de seu desenvolvimento e compreensão da motivação por trás de certos comportamentos (Atwood, 1998; Levy, 1988; Tsai, 1992). Sem isso, há o risco de que a síndrome de Asperger não seja diagnosticada. Os sintomas da síndrome podem ser erroneamente atribuídos à superdotação intelectual em vez de pertencentes ao transtorno. Ao mesmo tempo, as necessidades de superdotação da criança com síndrome de Asperger podem ser esquecidas ou consideradas irrelevantes ao seu desenvolvimento. ” (Neihart, 2000)
A síndrome de Asperger “afunila” interesses, direcionando a capacidade intelectual para assuntos específicos, além de reduzir a expressão social do indivíduo, o que faz com que as pessoas no entorno tenham mais dificuldade em perceber o alcance intelectual da criança, que tende a se fechar para os assuntos que não despertem sua motivação, muitas vezes não aprendendo o que querem lhe ensinar, e sim somente o que deseja aprender. No entanto, a habilidade comunicativa, que é um forte indicador do desenvolvimento e processamento cognitivo, em especial quanto à sintaxe e qualidade do vocabulário utilizado, tende a ser bastante desenvolvida e até mesmo sofisticada em relação ao esperado para a idade, sendo um fator de mais fácil observação. Por exemplo, uma criança de 3 anos que diga “Infelizmente o graveto quebrou” ou “Eu realmente estou ouvindo algo”, certamente tem um processamento cognitivo bastante diferenciado em relação ao esperado para a idade.
A própria superdotação em si traz muitos desafios, e mesmo superdotados típicos, ou seja, sem a síndrome de Asperger, já tendem a enfrentar uma série de dificuldades emocionais, psicológicas e sociais, muitas das quais inclusive se assemelham às observadas na síndrome de Asperger, pois a superdotação também gera uma hipersensibilidade e visão de mundo bastante diferentes do funcionamento padrão, inclusive porque o QI também altera o funcionamento neurológico.
No entanto, o superdotado típico, ou seja, sem autismo, não apresenta:
- Estereotipias
- Discrepância acentuada entre o desenvolvimento cognitivo e emocional
- Resistência à mudança
- Dificuldade em compreender as dinâmicas sociais
- Interesse excessivamente repetitivo e restrito
- Ansiedade severa e paralisante
- Hipersensibilidade auditiva limitante
Esses são todos fatores pertencentes ao espectro do autismo, e não à superdotação. No entanto, os três últimos itens – repetição e restrição de interesses, distúrbios de ansiedade e hipersensibilidade auditiva – podem eventualmente também ser observados em superdotados, embora com frequência e intensidade menores que as encontradas no autismo, motivo pelo qual os itens apresentam as palavras “excessivamente”, “severa” e “limitante”.
O superdotado pode apresentar dificuldade de engajamento social, mas por motivos diferentes da pessoa autista. É comum que o distanciamento social comece a ocorrer muito mais tardiamente para superdotados (por volta dos 7 anos) do que para crianças no espectro autista (por volta dos 2 ou 3 anos). Para quem “olha de fora”, os sintomas de um e de outro podem parecer similares, mas o superdotado geralmente se afasta das outras pessoas porque não encontra afinidade de pensamento com seus pares, enquanto o autista costuma afastar-se pela inabilidade em travar relações sociais, pela hipersensibilidade sensorial (o barulho de conversas e brincadeiras ou o toque podem incomodar, por exemplo) ou pela tendência a fechar-se mais em seu próprio mundo.
Se uma pessoa autista já encontra dificuldade de interação social e a isso somam-se as dificuldades próprias da superdotação, o resultado pode ser a potencialização de problemas dessa ordem.
Porém, se a pessoa autista tem forte resistência à mudança e possui interesses restritos, mas a superdotação traz justamente o oposto, que é curiosidade acentuada pelo ambiente, desejo de novidade e amplitude de interesses, a combinação dessas duas condições pode gerar um indivíduo que é muito mais aberto à novidade e diversificado em seus interesses do que seria de se esperar para um caso clássico de Asperger, embora apresente um caráter obsessivo em relação a cada tema de interesse mais acentuado do que seria de se esperar para um quadro de superdotação sem autismo.
Assim, certas características de Asperger podem ser exacerbadas pela existência de superdotação conjunta, enquanto outras características típicas do autismo podem ser atenuadas ou mesmo estarem ausentes.
Tony Attwood, em seu livro “The Complete Guide to Asperger’s Syndrome” (“O Guia Completo para a Síndrome de Asperger”), diz o seguinte:
“Crianças com síndrome de Asperger têm dificuldade em integrar-se socialmente. Se esta criança tiver, ainda, uma capacidade intelectual acima da média, tais dificuldades podem ser dobradas. As crianças que têm um QI muito alto podem desenvolver estratégias de compensação em relação aos déficits que apresentam, tornando-se arrogantes ou ainda mais egocêntricas, tendo considerável dificuldade em aceitar que tenham cometido algum erro. Tais crianças podem ser hipersensíveis a quaisquer sugestões ou críticas, embora sejam bastante críticas em relação aos outros, incluindo professores, pais e figuras de autoridade.
Ter um QI elevado em conjunto com a Síndrome de Asperger tem suas vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens estão uma maior capacidade de processar e aprender o funcionamento social intelectualmente, além de sucesso acadêmico que contribuirá para um aumento de autoestima e maior respeito e apreciação das pessoas. Talentos cognitivos também podem contribuir para carreiras bem-sucedidas desenvolvendo tecnologias ou conduzindo pesquisas. Dentre as desvantagens, está um risco ainda maior de isolamento e alienação, pois a pessoa não só terá dificuldade em encontrar alguém com quem se identifique socialmente, mas também intelectualmente. Além disso, ter amplo vocabulário e conhecimento pode levar os adultos a esperarem um nível equivalente de maturidade no contexto social e manejo das emoções e comportamento, e a criança pode ser injustamente criticada por não expressar essas habilidades com o mesmo amadurecimento de seus pares sem autismo. Dentre as desvantagens, está, ainda, o fato de que a criança pode ter que lidar com conceitos e percepções de mundo além da capacidade emocional que ela possui. A criança pode preocupar-se com assuntos que não farão parte do pensamento típico das crianças de mesma idade. A falha no processamento executivo, típica da síndrome de Asperger, pode afetar a expressão de seus talentos cognitivos, pois a conceituação e solução de um problema podem ser extraordinárias, mas os aspectos práticos necessários para tornar a ideia executável e comunicar seus achados poderão ser um problema. Outro ponto a considerar é que quanto maior o nível cognitivo, maior o padrão de desempenho imposto a si mesmo e aos outros, o que eleva consideravelmente a frustração, algo que as crianças com Asperger já têm notória dificuldade em lidar”. (Attwood, 2015 – p. 266 – Tradução: Audrey Bueno – Grifos do tradutor)
Susan Ashley é especialista em transtornos neuropsiquiátricos, autora e fundadora do Centro de Psicologia Infantil, situado na Califórnia, Estados Unidos. Em seu livro “Asperger’s Answer Book” (“Livro de Respostas de Asperger”) ela diz:
“Muitas crianças com Asperger também são identificadas como superdotadas. Elas têm inteligência acima da média, particularmente inteligência verbal, e excelente capacidade de memória de longo prazo.
Décadas atrás […] o conceito de crianças superdotadas envolvia não só o fato de serem superiores intelectualmente, como também de serem criativas, terem excelentes habilidades sociais e não apresentarem problemas de comportamento. […] Ao longo dos anos, à medida em que mais e mais crianças com alta inteligência foram sendo identificadas como tendo desordens psicológicas coexistentes, a definição de superdotação encolheu. Atualmente, se a criança tiver um QI igual ou superior a 130 em um teste oficial padronizado, ela será considerada superdotada independente de quantas desordens ou problemas sociais e de comportamento ela tiver. Estas crianças inteligentes e psicologicamente desordenadas deram origem ao termo relativamente novo de “duplamente excepcional”. Crianças muito inteligentes que tenham TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) ou AS (Síndrome de Asperger) são os tipos mais comuns de alunos duplamente excepcionais. Extremamente inteligentes, mas comportamental, emocional e socialmente desafiadoras para a família, colegas e professores, estas crianças estão gerando todo um novo um campo de pesquisa. ” (Ashley, 2006 – Asperger’s Answer Book – p. 74 – Tradução: Audrey Bueno – Grifos do tradutor)
Lidar com esse tipo de quadro é tarefa complexa para pais, professores e muitos profissionais. Marie Hartwell-Walker, que é doutora em educação, em seu artigo Autistic and Gifted: Supporting the Twice-Exceptional Child (Autista e Superdotada: Auxiliando a Criança com Dupla Excepcionalidade), oferece dicas que, segundo ela, podem ser úteis tanto para o contexto escolar quanto para a vida desses indivíduos:
– Expandir seus interesses: assim como as crianças que têm somente autismo, crianças com dupla-excepcionalidade geralmente têm interesse restrito, em um ou dois assuntos em particular. Em vez de forçar uma amplitude de interesses, é preciso seguir a “deixa” da criança. Deixe-a ensinar-lhe sobre alguma coisa e, então, aproveite o interesse dela no assunto para abrir margem para outras áreas. Por exemplo: se o interesse da criança é em dinossauros, não é um salto muito grande falar sobre o que aconteceu com eles, incluindo o tópico do aquecimento global como parte disso. Ao expandir seus interesses, ajudamos a criança não só no âmbito educacional, mas também a ser capaz de falar sobre assuntos variados em suas relações sociais, ampliando-as e tornando-as mais positivas. (Nota do tradutor: isso é especialmente importante no âmbito social, pois a criança com Asperger acaba afastando as pessoas ao ser percebida como cansativa, pelo excesso de repetição e insistência num mesmo tipo de assunto.)
– Relacionamentos com os colegas: infelizmente, a criança com dupla excepcionalidade é um alvo ainda maior de bullying. Os prejuízos de socialização encontrados em Asperger tornam o indivíduo estranho para os outros. Eles têm obsessões sobre assuntos específicos e não demonstram interesse em ouvir sobre outras coisas que as pessoas desejem falar a respeito. Essa criança precisará de treinamento e acompanhamento para ajudá-la a socializar-se com outros no grupo. Procurar crianças que tenham interesses ou estilos similares e encorajar esses relacionamentos pode ajudar bastante essas crianças.
– Esportes/Educação Física: não apenas a criança terá dificuldade em manejar os requerimentos sociais de esportes coletivos, como também poderá ser fisicamente descoordenada ou menos ágil, além de possuir sensibilidades sensoriais que dificultem o contato físico comum nesses contextos. Nesses casos, participar desse tipo de atividade pode aumentar as chances de bullying e diminuição da autoestima. Uma boa alternativa seria participar de esportes individuais ou parcialmente coletivos, como caminhadas, ciclismo ou natação. Curiosamente, embora crianças com Asperger não tenham muita habilidade esportiva, podem apresentar especial desenvoltura na natação, podendo inclusive ter um desempenho melhor que o de pessoas sem o transtorno, o que contribui, entre outras coisas, para um aumento de autoestima.
– Faz-de-conta: esta criança pode não ter tanto interesse em ficção ou brincadeira imaginativa quanto se esperaria de uma criança superdotada típica. O processo mental delas tende a ser mais concreto e literal. Introduzir brincadeira imaginativa é bom, mas não se deve insistir. A criança com dupla excepcionalidade tende a ser criativa de outras formas, como, por exemplo, descobrindo alternativas para abordar um assunto científico, ou o funcionamento de alguma coisa.
– Transições: a velocidade de processamento mental pode ser menor do que normalmente se espera para uma criança superdotada típica. Embora vivamos num mundo em que multitarefas se desenvolvem facilmente em crianças sem transtornos do desenvolvimento, isso pode ser particularmente difícil para crianças com dupla excepcionalidade. Uma vez engajadas numa tarefa ou atividade, essas crianças terão dificuldade em alternar o foco para outra coisa. Embora todas as crianças se beneficiem de avisos antecipados de que encerrarão uma atividade para iniciarem outra, isso será especialmente importante para crianças com Asperger.
– Fala e escrita: estas crianças geralmente possuem um amplo vocabulário verbal. Às vezes, apresentam suas ideias num tom quase profissional. Mas estas mesmas crianças podem ter dificuldade em se expressar por escrito, quer seja porque suas mentes não obtêm o controle suficiente para ordenar os pensamentos para que possam ser passados para o papel, quer seja por apresentarem alguma dificuldade com coordenação motora fina, o que não raro produz uma caligrafia ruim. Tablets e laptops devem vir ao auxílio nesses casos. (Nota do tradutor: curiosamente, quando adultas, podem se tornar excelentes escritoras.)
“Sem ajuda, essas crianças são geralmente mal interpretadas e isoladas. Os adultos que as auxiliam devem poder traduzir o mundo para elas e elas para o mundo [um trabalho que as mães de crianças no espectro autista conhecem bem¹]. Elas têm talentos especiais e necessidades especiais. Com apoio cuidadoso, elas podem aprender as estratégias necessárias para se conectarem às outras pessoas e se tornarem membros que ofereçam sua contribuição à sociedade. E o mais importante, elas podem ser felizes sendo quem são”.
(Marie Hartwell-Walker)
Tradução: Audrey Bueno – Grifos do tradutor
¹ Nota do tradutor
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Muitíssimo OBRIGADA por partilhar tantas informações. Realmente é o que o mundo precisa, INFORMAÇÃO.
Certamente. Seja sempre bem-vinda ao blog!
Parabéns compartilhar por partilhar esse conhecimento . O mundo precisa cada vez mais de pessoas que multiplicam o saber.
Cheguei até aqui por que meu filho foi diagnosticado com Asperger, e ele tem todos os traços narrados… gostaria muito de saber se existem classes especiais ou escolas diferentes próprias para esse público. Sinto que ele acaba sendo alvo de bullying e isso me deixa frustrado… muito embora a escola tem ajudado bastante nesses assuntos…
Quem quiser partilhar informações vou deixar meu email : joao_luiz_stos@yahoo.com.br
Obrigada pelo comentário. Concordo plenamente que só evoluiremos enquanto espécie e sociedade se compartilharmos conhecimento. Acredito que o conhecimento tenha o poder de mudar o mundo. Quanto à escola, infelizmente o Brasil ainda está muito aquém em termos de entendimento da síndrome de Asperger. Mais de 90% das escolas não estão aptas a acolher esse perfil de aluno, especialmente se seguirem metodologias tradicionais, conteudistas (livros 1, 2, 3, provas, etc.) ou socioconstrutivistas, e não estão aptas não só pela questão do Asperger, mas também pela própria questão da superdotação, que comumente acompanha o quadro. No entanto, tive acesso a experiências de inclusão de alunos com Asperger dentro de escolas que seguem a linha Montessoriana, e foram as escolas que mostraram melhores índices de adaptação (e felicidade da criança!), pois a própria cultura da escola favorece naturalmente a criança com Asperger: nessas escolas não há recreio (momento perigoso para Aspies), não há prova, a individualidade e talento específico do auno são respeitados e estimulados, o valor humano é altamente reconhecido e desenvolvido sempre com muita atenção ao ritmo e limite de cada um (não vejo bullying nessas escolas!), não há muitos alunos, estes não precisam ficar sentados presos numa carteira olhando a lousa, e não há professor falando alto na frente da sala (o tom de voz baixo faz parte da cultura). Pesquise. Pode ser uma opção excelente e talvez a melhor escolha atualmente no território nacional. Seja sempre bem-vindo ao blog!
Muito obrigada por partilhar conhecimentos tão valiosos, para mim, mãe de uma criança de dez anos diagnosticado recentemente como Asperger e em processo de avaliação para determinar se há AH, e também professora de AEE, trabalhando na maioria das vezes com TEA. Imensamente grata. Abraço fraterno.
Obrigada pelo comentário. Seja sempre bem-vinda ao blog!
Que conteúdo maravilhoso!!!
Parabéns!
Meu filho é Asperger e Superdotado , é adolescente e temos passado maus bocados com ele.
Seu conteúdo é muito enriquecedor , e tb me acalma um pouco.
Muito obrigada de coração
Fico muito feliz em saber que o conteúdo foi útil para você. Pais de crianças no espectro do autismo e/ou que tenham quadro de superdotação têm na informação seu melhor recurso para ajudar um filho. Infelizmente, há ainda muitos profissionais despreparados no mercado e esse é mais um motivo pelo qual é fundamental informar-se, pois isso ajuda, inclusive, na escolha e avaliação do trabalho oferecido por um profissional, em vez de apenas confiar cegamente no que ele diz, sem parâmetros para saber se o trabalho desenvolvido está, de fato, de acordo com o perfil e as necessidades do paciente. Levando em conta sua colocação em relação às dificuldades que tem enfrentado nesse período de adolescência com seu filho, recomendo a leitura de um outro artigo (link a seguir), que pode lhe trazer alguma luz. Um abraço. https://sindromedeasperger.blog/2017/08/09/medicacao-no-autismo-e-sindrome-de-asperger/
Conteúdo maravilhoso e esclarecedor! Parabéns! Minha filha foi diagnosticada c autismo, tem QI de 128 e TODOS esses sintomas. É um desafio diário principalmente no q se refere a hipersensibilidade auditiva, extrema ansiedade e crítica social. Grata.
Sim, é um imenso desafio. Quem olha de fora, e isso inclui a escola, nem imagina o quanto. Medicação deve ser considerada quando a ansiedade e a reatividade são muito elevadas, pois terapias psicológicas não dão conta dessa parte, já que tratam-se de funções neuroquímicas do cérebro. Devagar e sempre, um dia de cada vez, conhecer os detalhes da síndrome e orientar sempre a escola do que é preciso adaptar, ao mesmo tempo em que se trabalha o que for possível, através do desenvolvimento de estratégias de sobrevivência (como encontrar e treinar o uso de um fone de ouvido que ela consiga para abafar o som do ambiente, aprender a comunicar dificuldades, regrinhas do que fazer e não fazer na escola, etc.) ou tratamentos. Um profissional de confiança é fundamental para ajudá-las nessa estrada. Para medicações, deve-se procurar um psiquiatra. Para apoio psicoterapêutico e orientação escolar, atenção apenas para preferir psicólogos que tenham algum conhecimento da síndrome de Asperger e que sejam preferencialmente das linhas Junguiana, Humanista ou Comportamental. Desaconselho psicólogos que sigam a linha da Psicanálise, pois as visões teóricas dessa linha de trabalho costumam não compreender adequadamente quadros de autismo e neuropsiquiatria. Boa sorte e obrigada pelo comentário. Seja sempre bem-vinda ao blog.
Ah! Tem algum artigo sobre asperger e superdotação em meninas? Obrigada!
Olá, Melissa. Infelizmente, o blog ainda não dispõe de artigos sobre dupla excepcionalidade específicos para meninas (tenho a intenção de trazer algo nesse sentido num momento oportuno). Embora o principal apresentado nessa publicação seja bastante válido para ambos, de fato, existem diferenças importantes, mas ainda é difícil encontrar estudos específicos, pois o público feminino se encontra numa parte ainda mais estreita desse funil, que já é estreito em relação à compreensão da síndrome de Asperger e mais ainda quanto existe superdotação associada. Além disso, o estudo de superdotação em meninas e mulheres ainda encontra dificuldade por conta de questões arraigadas na sociedade patriarcal em que vivemos, que ainda influencia muito o rumo das coisas. Assim, a informação acaba sendo obtida de forma “picada”, sendo preciso peneirar livros e publicações em busca de trechos ou capítulos que nos ajudem a construir um panorama relativo ao feminino. Na maior parte das vezes, não encontraremos as duas coisas juntas – síndrome de Asperger e superdotação – e será preciso investigar sobre uma e outra coisa separadamente e então unir ambas as coisas de maneira autônoma. Lembrando que muitos traços de ambos os quadros se sobrepõem, e tendo como base informativa o que foi descrito sobre Dupla Excepcionalidade nesse artigo do blog, não será difícil fazer uma junção das coisas. Por vezes, um relato de síndrome de Asperger em mulheres estará repleto de questões relativas à superdotação, porém sem que o diagnóstico de dupla excepcionalidade tenha sido feito, ou vice-versa. De qualquer modo, deixo aqui algumas indicações bibliográficas que podem interessar:
– Passarinha, de Kathryn Erskine (não é um livro científico escrito por especialistas, e sim uma narrativa sobre a história de uma menina com síndrome de Asperger) – Editora Valentina
– Superdotados – Trajetórias de Desenvolvimento e Realizações, com Denise de Souza Fleith e Eunice M. L. Soriano de Alencar como organizadoras, já que é um livro com diversos autores – Editora Juruá (neste livro há um capítulo sobre uma garota chamada Hannah que, embora seja analisada pela lente da superdotação, mostra muitos traços que também estão presentes na síndrome de Asperger, sendo diversos de seus desafios os mesmos que veríamos num quadro de dupla excepcionalidade, ainda que o livro não aborde por este ângulo, e há outro capítulo, sobre mulheres com altas habilidades/superdotação, que explora muitas das dificuldades que o público feminino enfrenta e nos ajuda a construir uma compreensão da realidade da menina com dupla excepcionalidade, se levarmos em conta que geralmente há muitos traços em comum entre superdotação e Asperger)
– Síndrome de Asperger e Outros Transtornos do Espectro do Autismo de Alto Funcionamento: da Avaliação ao Tratamento, de Walter Camargos Jr. E colaboradores (neste livro, há um capítulo de quase 20 páginas sobre a síndrome de Asperger em mulheres, passando por relatos referentes à infância)
Obrigada pelo comentário e seja sempre bem-vinda ao blog.